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𝗔 𝗝𝗼𝗿𝗻𝗮𝗱𝗮 𝗱𝗼 𝗜𝗻𝗱𝗼𝗺𝗮́𝘃𝗲𝗹 𝗠𝗮𝗲𝘀𝘁𝗿𝗼 𝗝𝗼𝗮̃𝗼 𝗖𝗮𝗿𝗹𝗼𝘀 𝗠𝗮𝗿𝘁𝗶𝗻𝘀
Ainda na infância, João Carlos Martins enfrentou seu primeiro grande desafio: uma cirurgia malsucedida para a retirada de um tumor no pescoço aos cinco anos. Para amenizar a dor e trazer alegria, seu pai o presenteou com um piano, um instrumento que viria a moldar sua vida e carreira de forma extraordinária. Desde cedo, a música se tornou seu refúgio e sua vocação, mesmo diante das primeiras adversidades.
Aos 20 anos, na década de 1960, João Carlos já era reconhecido mundialmente como um dos maiores pianistas de sua geração, notadamente por sua interpretação das obras de Bach. No entanto, uma lesão no cotovelo durante um jogo de futebol em Nova York, em 1965, resultou na atrofia de três dedos. Esse incidente o afastou do piano por um ano e marcou o início de uma série de desafios físicos. Apesar das dificuldades, ele persistiu, retomando sua carreira e, entre 1979 e 1985, completou a gravação da obra integral de Bach para teclado. Sua resiliência já se mostrava uma característica marcante.
A força de João Carlos foi novamente testada em 1995, quando um assalto na Bulgária resultou em uma grave lesão no braço direito, comprometendo permanentemente seus movimentos. Após inúmeras cirurgias e um último álbum gravado com as duas mãos, ele teve que se adaptar e lançar um novo trabalho, "Só para a mão esquerda". Contudo, um tumor na mão esquerda aos 63 anos trouxe outro diagnóstico devastador: não poderia mais tocar piano. Esse seria o fim para muitos, mas para ele, foi um novo começo.
Foi então que o pianista deu lugar ao maestro. Com a capacidade de movimento dos dedos severamente comprometida, João Carlos Martins adaptou-se, memorizando cada nota para poder reger. Ele formou a Orquestra Bachiana Filarmônica, dedicando-se a projetos sociais e inspirando jovens das periferias de São Paulo. Reconhecido internacionalmente, o New York Times o descreveu como "Indomável", um adjetivo que encapsula sua inabalável paixão pela música e pela vida. Mesmo enfrentando desafios como um recente diagnóstico de câncer de próstata em março de 2025, do qual já foi operado, sua determinação permanece.
Após mais de 30 cirurgias e uma vida dedicada à superação, João Carlos Martins realizou um feito notável: com o auxílio de luvas biônicas especialmente desenvolvidas em 2019, ele pôde retornar ao piano. Embora tenha se despedido dos palcos internacionais com um concerto emocionante no Carnegie Hall em maio de 2025, o Maestro continua ativo no Brasil, especialmente com a Orquestra Bachiana e seus projetos de educação musical. Sua história é um testemunho da força do espírito humano, demonstrando que, mesmo diante dos maiores obstáculos, a paixão e a resiliência podem abrir novos caminhos e concretizar sonhos aparentemente impossíveis, inspirando gerações.
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