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terça-feira, 18 de agosto de 2020

O vermelho da corda "E" do violino!


O mestre do violino Itzhac Perlman foi professor de DG na Juilliard School, em NYC. Perlman é portador de sinestesia, um tipo de cruzamento de sentidos no cérebro, que lhe dá a habilidade de associar som/cor/formas; uma percepção extra para agrupar tons altos ou baixos por cores e distinguir formas para as notas, que também o ajudou ao construir sua carreira musical.

Por Maureen Seaberg

“Quando ouvi a voz de Itzhak Perlman durante nossa entrevista para o livro, “Tasting the Universe”, percebi que poderia ouvir seu rico barítono enquanto tocasse seu violino. É como James Earl Jones ou como alguém pode imaginar a voz de Deus. Sua conversa é melódica, com afirmações ousadas em alguns lugares e em outras ocasiões floreios doces, cadenciados lindamente e com um vocabulário rico. Eu percebo o motivo pelo qual ele é o melhor violinista do mundo. Ele é o violino. (...)

“Eu sei que posso descrever certos sons com cores. Não é música - são notas, são sons isolados” - ele começou. "Então, se eu ouvir um determinado som em uma determinada corda do violino, eu poderia associar esse som à uma cor. Não é como se eu tocasse uma peça e visse coisas azuis cintilantes." (...) "Se eu tocar um Si bemol na corda G, diria que a cor para mim é verde floresta profundo. E se eu tocar um A na corda E, isso é vermelho. Se eu tocar o próximo B, diria que é amarelo. As cores brilhantes são as cordas superiores do violino e as escuras as inferiores - para mim." (...)

Mr.Perlman explicou que "uma das línguas que se usa no ensino para descrever o que está faltando em uma frase [musical] é: você precisa dar um pouco de cor a essa frase; essa frase não tem cor suficiente, ou precisa mudar as cores.” Ele diz que isso tem a ver com variedade e que a tonalidade é uma descrição ainda mais precisa - certas cores podem ser mais pastéis, mais ousadas e assim por diante. E isso está muito associado ao som que se produz, explica. Quando ele ensina em seu prestigioso acampamento para jovens em Shelter Island, o professor usa essa analogia para descrever o que deseja. É comum músicos ou escritores falarem sobre colorir uma frase. E quem não tem sinestesia consegue entender o sentimento de várias cores: pintar a cidade de vermelho, de azul, coração negro, roxo de raiva. (...)

Mr.Perlman, faz outra revelação: "Além das cores, vejo formas", admitiu. "Cada nota tem uma forma. Eu diria que se você tocar um D na corda G, para mim isso é redondo. Mas se você tocar um A na corda E para mim, o formato é plano; não a entonação, mas a forma dela." (...)

O mestre explica que música é forma, é sensação e é cor - é tudo. "É tudo o que você pode usar para descrever uma nota. O importante é a maneira como é útil na identificação do som e, ao nos envolver com o som, para realmente ter uma ideia do que o som faz com você, com formas, com intensidade, com cores. E então você pode realmente se associar ao som. (...)

As notas em um violino não são as únicas coisas que acionam os centros de cores na mente de Mr.Perlman. Ele também associa cores a vozes cantadas e afirma: “não gosto de bege-amarelado em vozes. Gosto, bem, se você quiser descrever o som de Pavarotti, para mim é como o azul metálico. É incrível!”

A entrevista completa de Mr. Perlman está relatada no livro “Tasting the Universe” de Maureen Seaberg

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