“Perde-se no fundo dos milênios a época em que o primeiro homem bateu numa pele de animal esticada à boca de um tronco e produziu uma nota grave. Não se pode precisar a data em que esse evento ocorreu, mas ele teria profunda influência em toda a história da civilização. O motivo, muito simples, é que desde então se descobriu como fazer vibrar o ar por meio de uma peça mecânica a pele esticada, nesse caso. E tais vibrações são a matéria-prima essencial daquilo que se aprendeu a chamar de arte da música.
Daí para a frente, embora ainda não conhecessem a ciência dos seus instrumentos, músicos e artesãos deram largas asas à imaginação na busca de meios cada vez mais sofisticados para gerar sons. Surgiram estreitos entalhes em caniços ocos, nas flautas; as placas finas e chatas de bambu, nas clarinetas e saxofones; ou as cordas percutidas, nos pianos.
Essa imensa riqueza técnica, no entanto, deve desaparecer para sempre, ou, na melhor das hipóteses, mergulhar à sombra de um conhecimento superior: o que permite empregar meios elétricos e magnéticos para fazer vibrar o ar.
Dentro de cinquenta anos só teremos instrumentos eletrônicos. Os atuais serão raridade, analisa o professor do Instituto de Física da Unicamp, Carlos Argüello. Claro: a Física moderna ainda não consegue reproduzir, por exemplo, a qualidade mecânica dos violinos Stradivarius, introduzidos por volta de 1670. Mas, em primeiro lugar, já é quase impossível fazer distinções entre velhos e novos instrumentos. “Eu executei um concerto inteiro com instrumentos eletrônicos e não se podia distinguir de instrumentos convencionais”, testemunha o maestro Júlio Medaglia, atualmente dirigindo a Universidade Livre de Música de São Paulo.
E, acima de tudo, as inovações tecnológicas enriqueceram o universo sonoro muito além do que se poderia imaginar em fazer com qualquer instrumento convencional. (...)”
Huummm... assunto controverso! Tanto que DG recusou por muito tempo usar o violino elétrico, mas determinadas músicas exigem o instrumento e ele acabou reconhecendo que alguns arranjos não seriam tão interessantes sem o "pequeno atrevido"!
Fonte: Superinteressante
https://super.abril.com.br/tecnologia/equacoes-sonoras/
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