João Carlos (25/6/1940) foi submetido a uma cirurgia para retirada de um tumor no pescoço, com 5 anos de idade; uma operação malsucedida. Uma época difícil para um garotinho que foi presenteado pelo pai com um piano, numa tentativa de alegrá-lo.
Na década de 60, com vinte e poucos anos, o brasileiro João Carlos Martins já era um dos pianistas mais aclamados do mundo, sendo considerado o melhor intérprete de Bach da sua geração, tendo gravado a obra completa para teclado do compositor. Em 1965 foi jogar uma partida de futebol em New York e numa jogada isolada, teve uma perfuração na altura do cotovelo que atingiu o nervo ulnar. Esse acidente bobo provocou atrofia de três dedos de sua mão, impossibilitando-o de tocar seu amado piano por um ano inteiro. Foi uma recuperação longa e complicada, que fez o pianista tocar com muita dificuldade até os 30 anos. Apenas, o primeiro percalço.
Apesar de ainda tocar bem mesmo com dificuldade, João foi novamente impedido de tocar por distúrbios osteomusculares devido à intensa prática. Não desistiu, retomou sua carreira entre 1979 e 1985, realizando 10 gravações de Bach, concluindo a obra total do gênio alemão.
Em 1995, novamente a vida o golpeou. Durante um assalto em Sofia/Bulgária o pianista foi agredido na cabeça com uma barra de ferro e a pancada comprometeu seriamente seu braço direito. Depois de alguns processos cirúrgicos e um último álbum gravado com as duas mãos, foi necessário cortar a ligação entre o cérebro e o membro, comprometendo seus movimentos para sempre.
Mas, ele gravou um novo álbum: “Só para a mão esquerda”. Sua vontade de gravar oito álbuns neste estilo foi interrompida por um tumor na mão esquerda. Aos 63 anos, ele ouviu o diagnóstico: nunca mais tocaria piano.
Então, nasceu o Maestro! Por causa da dificuldade de coordenação dos movimentos de seus dedos, incapacidade de segurar a batuta e virar as páginas das partituras dos concertos na velocidade necessária, teve que memorizar nota por nota.
Apresentou-se em Paris e Londres, formou a orquestra Bachiana Filarmônica, trabalhou com jovens carentes dos bairros da periferia de São Paulo, sempre se lembrando do que seu pai dizia: “Persiga seu sonho que um dia ele virá atrás de você”. Recebeu uma crítica do New York Time elogiando sua orquestra e atribuindo-lhe o adjetivo “Indomável”.
Durante a vida João Carlos fez 23 cirurgias para manter o sonho de tocar, mas no final não conseguiu. “A pior coisa que aconteceu na minha vida foi perder as mãos para o piano. Mas também foi a melhor coisa que aconteceu, porque encontrei um novo universo na regência. Com isso, consegui levar a música para todos os cantos.”
Todos passam por desafios durante a existência, DG sabe disso muito bem, pois também enfrentou provas físicas. Aprendeu que esses desafios vêm para o bem e que não é possível crescer sem enfrentar as intempéries que a vida impõe. São esses obstáculos que constroem o caráter e fazem de João, de DG e de cada um de nós, exatamente quem somos!
Ah, em 2020, o pianista voltou a tocar com as duas mãos com a ajuda de uma luva biônica graças a um projeto desenvolvido pelo designer industrial Ubiratan Bizarro Costa, utilizando os dez dedos depois de 22 anos.
DG ainda não teve a oportunidade de trabalhar com o Indomável Maestro, mas ainda há tempo!
Fonte: Wikipedia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Carlos_Martins
Imagens sem crédito
#davidgarrett #joaocarlosmartins #maestro #musico #indomavel #indomitable
Nenhum comentário:
Postar um comentário