DG já nos contou que quando toca “Midnight Walts” em casa, sua mãe dança à sua volta! Uma linda valsa, que sem dúvida convida à dança, graças a uma revolução realizada no mundo do balé, no século XIX. Antes a música de balé era em grande parte criada partir de canções conhecidas de óperas, ligadas por melodias escritas por um músico de teatro. Pouquíssimas partituras para balé foram escritas antes de 1820, quando os balés românticos começaram a aparecer.
Os temas de encantamento e a protagonista etérea da obra eram um veículo para o “movimento flutuante” e o trabalho de “point” (dançar na ponta dos pés) com vestidos cada vez mais leves e curtos para permitir observar os movimentos dos pés e pernas das bailarinas. As partituras desses balés iniciais estava mais a serviço da dança e em geral eram escritas por especialistas, compositores preparados para produzir música leve e rítmica, que não ofuscasse a coreografia.
Por volta de 1850, o centro do balé começou a mudar de Paris para a Rússia, onde os czares produziam obras luxuosas. Foi quando Tchaikovski recebeu a encomenda de seu primeiro balé, “O Lago dos Cisnes”, 1875, depois, “Eugene Onegim”, 1878, “A Bela Adormecida”, 1889, “O Quebra Nozes” 1892.
O lindíssimo Quebra Nozes foi um trabalho difícil para o compositor, que por fim se inspirou em sua irmã falecida, companheira de brinquedos na infância. O encanto desta partitura se deve muito ao uso da orquestra, desde os sopros de madeira sinuosos da “Dança dos Sabres” e o contraste do trinado das flautas e piccolos com os fagotes graves na “Dança Chinesa”, até a novidade da celesta, instrumento de teclado recém inventado com lâminas de metal, para apresentar a “Fada de Açúcar”. A sonoridade única de Tchaikovski elevou a peça muito acima da velha música dos “especialistas” da época.
Se você ainda não ouviu o “Quebra Nozes” inteiro, não perca tempo.... é belíssimo!
Fonte: O Livro da Música Clássica – Ed. Globo Livros – pg.190/191
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