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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

“A música brasileira tem um sinônimo em alemão: Hans-Joachim Koellreutter” *


DG não deve ter tido a oportunidade de conhecer pessoalmente Hans-Joachim Koellreutter (2/9/1915 – 13/9/2007), musicólogo, compositor e professor brasileiro de origem alemã, cuja trajetória de vida pode ser resumida em um projeto artístico e humanístico de amplas dimensões.

Koellreuter nasceu em Freiburg/Alemanha em 2/9/1915. Veio para o Brasil em 1937 e tornou-se um dos nomes mais influentes na vida musical brasileira.

Ainda jovem, já era conhecido e respeitado na Alemanha como flautista de concertos. Começava sua carreira de regente quando Adolf Hitler ascendeu ao poder. Ao ficar noivo de uma moça judia, desagradou sua família, que simpatizava com o nazismo e o denunciou à Gestapo. Exilou-se então no Brasil onde foi morar no Rio de Janeiro. Conheceu e ficou amigo de Heitor Villa-Lobos e Mário de Andrade. Em 1938 começou a lecionar no Conservatório Brasileiro de Música.

Na década de 1940 ajudou a fundar a Orquestra Sinfônica Brasileira, onde foi primeiro flautista. Naturalizou-se brasileiro em 1948. Participou da fundação da Escola Livre de Música de São Paulo em 1952 e fundou a Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, em Salvador (1954). Com o final da Segunda Guerra Mundial, pôde voltar à Europa.

A convite do Instituto Goethe, trabalhou na Alemanha, Itália e Índia, onde viveu entre 1965 e 1969. Neste país fundou a Escola de Música de Nova Deli. Esteve ainda em Sri Lanka, no Japão, Uruguai e Coreia do Sul. Retornou ao Brasil em 1975e fixou-se desta vez em São Paulo. Recebeu muitos prêmios e homenagens ao longo de sua vida e escreveu cinco livros.

O movimento Música Viva, dirigido por Koellreutter, estendeu-se de 1939 a 1950 e tornou-se uma das referências mais dinâmicas e notáveis da música nova brasileira em sua época. Além das técnicas tradicionais europeias, Koellreutter incorporou outras influências dos locais onde esteve.

Além de compositor, regente e flautista, Koellreutter foi antes de tudo um notável professor, tendo em suas aulas músicos, educadores e compositores, que se tornaram os nomes mais importantes da cena musical brasileira, um deles, Tom Jobim, o futuro criador da Bossa Nova.

A atração que exercia em seus pupilos se baseava na liberdade de expressão e na busca da identidade de cada aluno. Incentivava a liberdade de pensamento e a necessidade de cada aspirante buscar seu próprio caminho. Explicava seu médodo da seguinte maneira:

"Aprendo com o aluno o que ensinar. Existem três preceitos:
1) não há valores absolutos, só relativos;
2) não há coisa errada em arte; o importante é inventar o novo;
3) não acredite em nada que o professor disser, em nada que você ler e em nada que você pensar; pergunte sempre o por quê."

Koellreutter revolucionou o ensino, a visão de arte, a compreensão do mundo. Seu nome está associado a mais importante e radical evolução operada na cultura musical do Brasil pós-Villa-Lobos. O mestre morreu em São Paulo, em 13/9/2005, aos 90 anos e seu acervo está preservado na Fundação Koellreutter, da Universidade Federal de São João del Rei.

*Carlos Adriano/Bernardo Vorobow
Fonte: Cultura fm/koellreutter/o artista e seu tempo
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs0711199905.htm

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