O desenvolvimento da polifonia – música com muitas camadas para diversas vozes, com partes independentes e de igual valor – está intimamente ligado à Notre-Dame de Paris, a impressionante catedral, que começou a ser construída em 1160. Nesta época, Léonin, um compositor francês, criava ornamentos inusitados a duas vozes para realçar o cantochão tradicional. Com o patrocínio da catedral ele e outros compositores formaram a Escola de Notre-Dame.
A harmonia vocal evoluiu da seguinte forma: Cantochão: uma só linha vocal sem acompanhamento, em ritmo livre como a fala; Organum: adição de uma segunda voz numa oitava diferente, paralela à segunda voz; Contraponto: o entrelaçamento de tocar ou cantar simultaneamente; Harmonia: três ou mais notas musicais cantadas simultaneamente criando um acorde.
Como antes de Léonin as harmonias vocais eram muito simples, a nova ideia e mudanças foram difíceis de aceitar. A polifonia foi mal recebida, pois alguns opunham-se aos novos métodos, em especial o cardeal Robert de Courçon, que criticava os escritores de organum, alegando que essa nova música era efeminada.
Em “Summa” ele escreveu que: “se um prelado licencioso dá benefícios a tais cantores para que esse tipo de música licenciosa e de menestréis seja ouvido em sua igreja, creio que se contamina com a doença da simonia”. Atitudes como a de Courçon que associava entrelaçamento de vozes masculinas da polifonia à sodomia, buscaram desacreditar o novo estilo musical, ligando-o ao pecado!
Proclamando a glória da polifonia, em 1198, o bispo de Paris decretou que as obras a quatro vozes fossem executadas no Natal, dia de Santo Estevão e dia de Ano Novo.
Séculos depois o violino também foi rotulado de licencioso!
Fonte: O Livro da Música Clássica Editora O Globo – pag. 28/29/30/31
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