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sexta-feira, 24 de maio de 2024

Rock usado como arma!


“Todo mundo tem pelo menos uma canção que o faça ranger os dentes de raiva. Na maioria das vezes é fácil evitá-la, desligando a TV ou mudando a estação de rádio. Mas e se você não pudesse escapar da música? E se, além disso, alguém resolver tocar sem parar, durante uma hora - ou um dia, uma semana?

Essa é a chamada "tortura musical" - técnica que, ainda que alguns de seus praticantes argumentem que não deva ser considerada tortura, costuma funcionar como tal.

No Natal de 1989, o general panamenho Manuel Noriega, tornou-se um alvo famoso dessa técnica. O líder militar havia se escondido na embaixada do Vaticano na Cidade do Panamá depois de o presidente americano George Bush ter invadido o país centro-americano.

Noriega era acusado pelos EUA de tráfico de drogas e de manipulação das eleições de 1989. A embaixada estava cercada por tropas americanas, mas ele se recusava a se entregar. O exército dos EUA decidiu então usar a guerra psicológica - erguendo uma parede de som e colocando-a para funcionar sem parar do lado de fora. Uma frota de Humvees (veículos militares) com alto-falantes começou a tocar rock.

A playlist das tropas foi escolhida pela Rede do Comando do Sul, a rádio militar dos EUA na América Central. Ela incluiu hits escolhidos a dedo por seu conteúdo irônico, incluindo “I Fought The Law”, do The Clash, “Panama”, da banda de rock Van Halen, “All I Want Is You”, do U2, e “If I Had A Rocket Launcher”, de Bruce Cockburn. Guns N' Roses, AC/DC e The Doors também estavam na lista. A relação completa foi guardada posteriormente no Arquivo de Segurança Nacional da Universidade George Washington, enquanto partes dela estão disponíveis no YouTube.

Talvez, inevitavelmente, a Santa Sé na época tenha feito uma queixa a Bush e a guerra musical foi interrompida após três dias. Em 3 de janeiro de 1990, o general, que se dizia amante de ópera, concordou em render-se.”

O Exército dos Estados Unidos repetiu essa abordagem com frequência. É importante entender que não se trata de música em qualquer sentido normal, mas como um assalto auditivo contra uma pessoa projetado para intimidar, desorientar e eventualmente desestabilizar.

Fonte:BBC News
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-40102131

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