O clipe “Alle Tage Ist Kein Sonntag”, para muitos, é um choque de realidade não agradável e o desenrolar do trabalho sombrio. Para aqueles que conhecem bem Till Lindemann é exatamente o que deveriam esperar de um artista que escolheu o “heavy metal” como sua forma de expressão e que já apresentou trabalhos bem controversos e explosivos. Para muitos fãs de David Garrett, uma surpreendente escolha de “desvio” do sempre sensível e amoroso Virtuoso.
Os comentários na página oficial de DG são muito interessantes. Uma olhada nos deixa perceber que são bastante ecléticos, variando entre as demonstrações usuais de amor explícito por qualquer coisa que David faça e demonstrações de desgosto inconformado, que não são usuais.
E tudo parece derivar de um fato básico: conhecimento ou desconhecimento da cultura alemã. Os alemães entendem bem o contexto de uma música popular do início do século 20, quando o país vivia uma época de ideologias explosivas, que ainda persistem; entende o momento de restrições e lockdown, contestações e negacionismo que vivem hoje e tornam a canção tão atual. Para os estrangeiros, alheios à vivência alemã dessa realidade é difícil compreender... e, claro, o lado desolador para alguns ou bizarro para outros, da narrativa.
E, a mensagem aliada à linda e triste canção contida no clipe é passível de muitas interpretações, com imagens fortes e agressivas, suavizadas apenas pelo olhar perdido e amoroso de David em sua interpretação de um marionete. Lembra de “2001: A Space Odyssey”? Fábula de difícil compreensão para a maioria, discutido até hoje, exatamente como este clipe, guardadas as devidas proporções.
Mas, o que isto significa além da mensagem controversa? Em um segundo olhar, significa um produto musical criado e elaborado por diversos profissionais em um tempo de restrições inimagináveis, que ceifou o ganha-pão de muitos e deixou a maioria de baixo astral e mau humor. Significa uma possibilidade de trabalhar no meio da pandemia, significa criar, produzir, distribuir e esperar que algum lucro possa vir deste trabalho. É isso que significa: TRABALHO!
David e Till, amigos de longa data, segundo a imprensa, dispuseram-se a trabalhar juntos, colocar em prática uma parceria inusitada e certamente se divertiram ao fazer isso: conhecemos David o suficiente para saber que ele tem um faro certeiro para suas escolhas profissionais e que ele só faz aquilo que lhe dá prazer, que o deixa feliz. E não dá pra negar que David demonstra que está bem e feliz em cada gesto, em cada olhar, todos os dias.
Feliz como devem estar todos que contribuíram para a realização deste trabalho, o diretor, o câmera, o engenheiro de som, o iluminador, o maquiador, o cara dos cabos e fios, a moça do guarda-roupa, o cabeleireiro, os empresários, a gravadora, as plataformas de venda, enfim todos que trabalharam e contribuíram para realizar algo, que até mesmo através da controvérsia que está gerando, vai ajudar a divulgar e vender uma pequena obra musical, que está na “boca da mídia”, em vários idiomas. Gostar ou não gostar é detalhe.
Assim, quem não gostou vai esquecer logo, vai lembrar disso como uma travessura do violinista amado, afinal David é muito maior que esse pequeno desvio; quem apreciou vai reverenciar ainda mais a ousadia e coragem de seu ídolo. E algo importante, que provavelmente não será considerado, vai permanecer: primeiro: muitos puderam trabalhar e essa benção certamente vai para a conta dos dois músicos; segundo e não menos importante: nos faz pensar!
Mas este é apenas um outro ponto de vista sobre o assunto!
EntreNotas/Nisia
Imagens: Frame vídeo “Alle Tage Ist Kein Sonntag”
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